

Estás à porta...
Paro...
Olhas-me...
Olho-te...
Entras...
Os meus olhos têm o desenho de uma interrogação.
Fico suspensa do teu som. Agudo.... Pedindo que nada seja crônico...
Permito-me a esperar, a entender onde queres ir.
Vejo nas tuas mãos, escondidas, impacientes a frase mais injusta.
Apenas, tira-me daqui...
Arranco, sacudo-te...
Abro a janela, está fresco.
Fecho - Não, abre, preciso de ar...
Repito, na minha impaciência - para onde vais?
Vejo nos teus olhos fechados, que estás a caminho do longe. Do não regresso.
És como um bebê deixado na porta, sem mensagem, sem destino, apenas deixado nos meus braços, na minha vida, sem mais que a minha vida, sem escolha...
Cheguei, onde sempre chego, quando parto sem destino, o rio sorri ao ver-me chegar, mostra-me as ondas, as rochas desdentadas e alegres conversam com as gaivotas, sem pressa...
Não tenho cigarros, não te abraço, não te ofereço perguntas. Sou apenas presença e tempo para que te amarres ao teu querer... Olhas-me e não me vês, não sabes o quanto já te amo, o quanto já me fundi na tua intensidade, na tua fuga, em quereres partir...
Se ao menos me dissesses onde te dói.
Ouço nossa música...só para mim ...
Pedes mais alto, e choras nos meus braços, ao início um choro baixo e envergonhado, depois pungente e soluçante, misericordiosamente retemperante.
Sorris...
Passou?
Não. Apenas pedes que volte, nada passou. Foi a chuva a parar.
Foi bom que a vida passasse.
Tudo tem um tempo, tudo tem uma explicação, um modo de ser... Abraço-te pelo momento, pela dádiva, pelo prazer de dar. Parto contigo e deixo-te no teu destino, nunca será ao teu destino, porque chorar, também precisa de viagens...
Perturba-me...saber-te, encontrar-te na interminável persistência...
com que desafias os meus sentidos...e tanges na minha pele essa tua marca...pessoal e intransmissível, com que me envolves...
Não consigo disfarçar a tua existência, entras como furacão na minha quota de oxigênio e respiro-te...em qualquer sentido onde vá...
Como se a contra mão, não fosse senão um sinal sem sentido, a estrada que me leva...que me indica este destino pleno... nas horas onde já me despedi...me despedi de mim !!!
Acabo sentada nesta observação... donde me vejo e percebo nesse rio onde cabemos, a força de me entrares na garganta e pronunciar muda o teu nome a tempo inteiro... Neste lado da margem em que me encontro, na passagem do silêncio!










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